Querida,
Lamento tê-la deixado tanto tempo sem notícias. Não imagina a angústia de saber que a deixei na expectativa. Escrevi para você muitas vezes, mas por algum motivo, sempre rasgava a carta ou a deixava guardada numa gaveta.
Decidi que era tempo quando as palavras foram transbordando pelas gretas, fugindo da pena que lhes apliquei. Elas sabiam! As palavras nas cartas pressentiam – antes de mim – que já era hora de rasgar o envelope.
Esperamos por esse suspiro há muitos anos. Nós o ensaiamos algumas vezes, lembra? Mas nos frustramos e adiamos. Nós nos escondemos e guardamos, com a crença cega dos que temem o outro.
Agora resolvi mostrar nossas confidências.
Eles vão pensar coisas sobre nós. Ah, vão... E vão querer saber de mim ou de você. Com sorte, não. Mas se perguntarem, o que digo? Quer que eu invente uma história? Quer que eu a invente, Yliah? Ah, é... Não posso inventá-la. Eu já lhe concedi vida própria. Está liberta.
Quem eu preciso libertar agora sou eu. Por isso este escrito existe. E essa é a única razão pela qual outros virão.
Esteja certa disso.
Thais.
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