24 de setembro de 2011

Uma Carta para Yliah

Querida,

Lamento tê-la deixado tanto tempo sem notícias. Não imagina a angústia de saber que a deixei na expectativa. Escrevi para você muitas vezes, mas por algum motivo, sempre rasgava a carta ou a deixava guardada numa gaveta.

Decidi que era tempo quando as palavras foram transbordando pelas gretas, fugindo da pena que lhes apliquei. Elas sabiam! As palavras nas cartas pressentiam – antes de mim – que já era hora de rasgar o envelope.

Esperamos por esse suspiro há muitos anos. Nós o ensaiamos algumas vezes, lembra? Mas nos frustramos e adiamos. Nós nos escondemos e guardamos, com a crença cega dos que temem o outro.

Agora resolvi mostrar nossas confidências.

Eles vão pensar coisas sobre nós. Ah, vão... E vão querer saber de mim ou de você. Com sorte, não. Mas se perguntarem, o que digo? Quer que eu invente uma história? Quer que eu a invente, Yliah? Ah, é... Não posso inventá-la. Eu já lhe concedi vida própria. Está liberta.

Quem eu preciso libertar agora sou eu. Por isso este escrito existe. E essa é a única razão pela qual outros virão.

Esteja certa disso.

Thais.

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