28 de maio de 2014

Diário do escritor: depois da escrita

Você rala pra caramba para escrever. Passa noites acordado, se questiona, duvida, volta à mesa, reescreve, reinventa, cria até que não aguenta mais e dá o trabalho por encerrado. Note que a palavra foi encerrado, não terminado. Difícil achar autor que não queira mudar uma vírgula depois de escrito. Então não, nunca estará terminado ou pelo menos não antes de se estar farto.

Enfim, você acha que escrever o livro é o mais difícil e que depois que ele estiver escrito, tudo estará bem... A fada madrinha surgirá e o encantará fazendo-o magicamente chegar à prateleira. Sim, no mundo de fantasia é isso mesmo que acontece. Na vida real é assim: trabalho, trabalho, trabalho e trabalho.

É lindo ouvir dos outros que você escreve tão bem! Devia escrever um livro! Sim, você devia. Mas escrever é igual casamento. Você só sabe o tamanho do problema depois que o anel no dedo já perdeu o brilho e os filhos e a mulher estão berrando dentro do carro exigindo tudo de você. Escrever é o grande dia. O que segue depois sim é o verdadeiro casamento.

A diagramação não parece ser difícil, a menos que você queira elementos diferentes de letras entremeando suas palavras. Há vários guias na Internet de como fazê-lo. Por outro lado, justamente a Internet tem facilitado o acesso ao artista gráfico, ao diagramador e a todo tipo de profissional que possa organizar suas palavras de uma forma que fiquem ainda mais interessantes no papel. Você só não sabe de quem você vai precisar até iniciar o processo.

O artista gráfico costuma ser o primeiro endereço, tanto para a diagramação quanto para a formulação da capa, seguido pelo fotógrafo, caso esse seja necessário.

No meu caso, tentei fazer tudo sozinha antes de pedir ajuda. Fiz a diagramação, depois fui tirar fotos para a capa. Tentei montar a estrutura toda. No final, o trabalho foi tanto, que desisti e pedi a ajuda dos amigos.

Não é impossível fazer tudo por si. Algumas pessoas dizem que fica mais barato... Se por barato se entende apenas a espécie, então sim, fica mais barato. Mas "preço" e "valor" são quesitos diferentes. Depende do que se considera custo. Falam tanto de dinheiro e se esquecem que tempo também faz parte do custo.

Sou autora independente, logo, para sobreviver, preciso fazer dinheiro por outros meios. Parar de trabalhar para me dedicar ao livro é custo. Aprender a fazer diagramação, a tirar uma foto para a capa, isso é custo. Tudo depende de quais são os seus valores... Ficar sem dormir à noite porque estou escrevendo é diversão. Quem reclama de uma boa noite de sexo no dia seguinte? Ficar sem dormir porque estou aprendendo a centralizar um texto, isso é trabalho. Trabalhar a noite inteira deixa qualquer um exaurido. Uma vez estabelecidos quais os seus valores, estabeleça o seu orçamento, para depois arcar com seus custos, sejam eles quais forem.

Estou na fase de diagramação e de formulação da capa. Essa etapa tem sido a responsável por espantar da janela as borboletas, as vozes distantes, os gigantes, os dragões e até a lua. Nunca imaginei que fosse tão difícil. Sobrou para todo santo conhecido: amigo, artista gráfico, fotógrafo, o irmão artista. Outros amigos ajudaram cedendo seus ombros quando a cabeça precisou de descanso e apenas o desabafo já não resolvia.

Quis uma foto. Como o tema do livro é abstrato, tão fácil de definir quanto um sentimento, persegui uma utopia por muito tempo. Depois de longas reflexões, consegui me decidir por uma capa.  Então o artista gráfico quis saber de cores e eu tive vontade de matá-lo quando começou a me apontar tudo o que eu precisaria escolher ainda. Extenuante. Onde mesmo que foi parar a tal fada madrinha que deixa tudo pronto? Também estou procurando.

O fato é que o livro está a caminho, rumo à luz que mora do lado de fora da gaveta. Para o bem ou o mal, ele está chegando.

Próximos objetivos: aprovação da capa e diagramação. ISBN.
Thais Simone.
28/05/14

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